sábado, 5 de maio de 2012

Europe"Bag of Bones" 20112-REVISÂO

Europe – Bag Of Bones [2012] Uma das maiores polêmicas dos últimos anos no Hard Rock foi o retorno do Europe com um som bem distante daquele que o consagrou na era The Final Countdown e que levou o grupo para uma fase bem água com açúcar (ainda que excelente). A volta de Joey Tempest e companhia traz um pé fincado no atual e o outro nas influências originais dos músicos. Na verdade, confesso que me surpreende ver algumas pessoas tendo essa dificuldade para assimilar. Não pelas músicas em si, pois é de cada um gostar ou não. Mas o fato é que o Europe sempre mudou bastante desde o início da carreira. Aliás, não fosse assim, The Final Countdown não teria existido. Senão vejamos: a banda começou apostando em um Hard quase Heavy em seus dois primeiros discos. Aí veio o estouro comercial, embora algumas características ainda tenham sido conservadas. Daí pra frente, investiu em um som melódico, resvalando no AOR. Retornou com um estilo mais obscuro em Start From The Dark, passou por Secret Society e lançou o excelente Last Look At Eden, que foi seu maior sucesso em termos de números desde Out Of This World. Portanto, não dá mais para esperar que o Europe oitentista reapareça, pois ele já foi enterrado por seus próprios criadores – exceto na hora de executar essas faixas ao vivo, o que fazem até mais em homenagem aos fãs que por uma grande vontade pessoal. Portanto, tendo essa realidade em vista, vamos ao novo álbum. Bag Of Bones já surpreende desde sua concepção por trazer o quinteto sueco junto do consagrado produtor Kevin Shirley, de folha corrida mais que conhecida. Mergulhando cada vez mais na mistura de Hard, Classic Rock e Blues, o grupo oferece outro grande trabalho para quem estiver disposto a aceitar sua proposta atual. A coisa já esquenta na abertura com “Riches To Rags”, com interpretação poderosa de Tempest e performance inspirada da banda, especialmente do riffmaker Norum, sempre excelente. A próxima é o single “Not Supposed To Sing The Blues”, que conta com um ótimo refrão e melodia marcante, remetendo ao trabalho anterior. Vale também destacar a letra, cheia de referências históricas. “Firebox” traz uma pegada matadora de Ian Haugland, conduzindo o ritmo com precisão. Já a faixa-título começa com belos violões e cai num Rock dos bons, cheios de variações, remetendo a Bad Company e outras da mesma espécie. Um dos pontos altos! A vinheta “Requiem” dá um tom de mistério para “My Woman My Friend”, densa e carregada de emoção. Para contrabalancear, a porrada certeira de “Demon Head”, com trejeitos Zepellinianos em sua composição. A curta e acústica “Drink And A Smile” deixa no ar o clima que o título sugere e mostra como mesmo na simplicidade o Europe é diferenciado na categoria de seus integrantes. “Doghouse” muda completamente o clima, sendo a mais para cima de todas, com uma levada gostosa de acompanhar. Talvez a mais acessível de todas. O peso volta a tomar conta em “Mercy You Mercy Me”, com mais um show de John Norum nas seis cordas, mostrando porque Michael Schenker é um de seus guitarristas preferidos. O tracklist normal é encerrado com “Bring It All Home”, que dá uma baixada de bola que vem a calhar para o momento. A bônus para o Japão é “Beautiful Disaster”, menos carregada, talvez a que mais remeta ao passado. Com certeza estamos falando de outra banda quando colocamos o Europe atual em comparação à sua fase de maior sucesso. Mas eles também só chegaram aonde chegaram justamente mudando o conceito original. E talvez essa seja realmente a maior motivação para continuar juntos, a capacidade de se reinventar a cada novo trabalho. Por isso, Bag Of Bones pode até surpreender um pouco na sonoridade, mas jamais na proposta em si. A única semelhança com tempos mais gloriosos é que o parâmetro de qualidade segue lá em cima. E John Norum – sim, estou citando-o mais uma vez – está cada dia melhor.